quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Propósito cadáver

Algo morreu.

A sede da vitoria já não mais perturba o sono.

Esqueci como me dizer o quão maior e melhor sou do que outros demais.

Objetivos e anseios não existem, se é que algum dia existiram.

A fome de tudo cessou.

Nada brilha nos olhos.

Dores de perda indeferem.

Êxtases de triunfo não completam, não satisfazem.

O tempo dos dias é engolido a seco.

Lagrimas escassearam e embriagam, e me banham em águas estáticas, salgadas, cinzas e turvas.

O que percorria veias e fazia membros erguerem-se sumiu.

O grito rouco e desesperado da alma perdida no profundo escuro da carne é tão fraco que não se faz escutar.

Não recordo se o fim está por vir ou se já passou.

Sou inerte reflexo vitrificado em admirável descoberta da não significância, vislumbrando prova de existência impotente.

De inicio inacabado e fim permanente.

domingo, 25 de abril de 2010

O Idiota no Escafandro

Podia ficar muito tempo nessa de ignorar o peso da alma e passar a vida parado, estagnado, muito bem mais ou menos acomodado neste furacão de coisa alguma sem a ter a mínima vontade de buscar uma maneira de mudar. Partindo do pressuposto de que nossas ações repercutem no espaço e no tempo, tudo é efêmero e hedônico, enquanto a beleza do por-do-sol ilumina tanto a cabeça cortada numa guilhotina quanto o desabrochar da borboleta partindo o escafandro. Logo vem vindo mais uma colisão de planetas e novamente serei eu o batizado pelo fogo destes em repercutida eclosão. Agora nasce mais um príncipe detentor universal da arte de roubar palavras nunca antes proferidas, cá estou eu, mais um idiota cego há tentar burlar a escuridão do próprio buraco negro, mais um idiota num escafandro...

Bluesmen

Eu não sou um bom mentiroso, alguns dos meus amigos sabem disso. E não me importa o que você faz, não me importa o que você diz, também não me importa aonde vai ou quanto tempo ficará. Mas realmente amigo, o que eu queria de verdade é que meu Blues te beijasse como um primeiro beijo apaixonado de duas crianças, queira que a harmonia dos meus acordes te pegasse de jeito, queria ver a melodia de minhas cordas penetrando bem fundo na sua alma... Então aí, mas só aí, queria que nossos olhos se encontrassem e neste instante estaríamos sorrindo sinceramente como fariam dois irmãos.