sexta-feira, 8 de agosto de 2008

De Terno e Gravata

Não sei por quanto tempo vou ficar esperando o dia em que me sentirei confortável o suficiente para poder vestir o capote negro e as coloridas línguas de sogra penduricarilhadas no pescoço de uma forma agradável...
Talvez esse tipo de traje não represente muito para você, ou represente, (na verdade nem deveria) não sei; mas para mim esse tipo de veste tem um significado peculiar, é bem verdade que essa minha idéia, apesar de já bastante manjada, advêm de um receio que tenho de minha futura profissão (vou ser advogado, espero), mas é verdade, também, que essa peça detém certo poder. Pois, quando estamos lá, rijos firmes e metidos dentro daquelas mangas pesadas, abafadas e compridas todos te olham de uma forma diferente, te dão, preconceituosamente, por uma pessoa no mínimo inteligente e centrada, dona de um caráter louvável, no mínimo, no mínimo...
E no mais, te chamam de doutor até.
Preferiria deveras contribuir para a perpetuação de minha espécie vestindo somente sandália de dedo, bermuda e regata (ou quem sabe um tacape e uma pele de animal no lombo), e vos digo perpetuação da espécie por que é para isso que essas "roupas sociais" realmente servem. Não estou dizendo que homens vestidos de terno e gravata saem por ai embuchado meninas, mulheres e pessoas do sexo oposto (não que também não o possam fazer). O que estou querendo dizer é que essas vestes são a representação indumentária da vitória, da conquista, da aceitação, da positivação da moral e da ética popular, do ter, do poder em si, enfim, de tudo que nos trouxe até aqui; e usar terno e gravata seria uma forma de ostentar essa concretização. Exercer capacidades de nosso êxito nesta nossa "nova cadeia alimentar" é o que vamos fazer enquanto vestidos desconfortadamente deste modo.

Daí meu pé atrás...

Gosto de pensar na maior parte do tempo que não sou "correto", que não sou legal, digo, dentro dos ditames da lei, que não estou irremediavelmente do lado certo, este também irremediável lado favorável a evolução, esse lado do “bem”.
Pois, digo que já quis (e ainda quero) por várias vezes valer-me de uma forma a parte, diferente, não necessariamente especial, mas... Minha, e só.


Por outro lado, fico muito bem de terno e gravata. E quem não fica?

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